Sobre Pertencimento
Nós não pensamos muito nisso. Confesso que talvez eu não tivesse muito tempo pra pensar, quando estava na rotina louca de trabalho e estudo que vivia no Brasil. Este período sabático que estou vivendo, me fez conseguir realizar alguns planos que sempre tive mas nunca consegui pôr em prática. Mas mais do que isso, me fez ter tempo de pensar, refletir e me encontrar. Quando você está na sua casa, com suas coisas, ou no seu trabalho, no seu bairro, ou talvez na sua cidade, você se sente confortável. Esse conforto, e porque não dizer esta comodidade, eu chamaria de sensação de pertencimento.
Você pertence àquele lugar. Aquela rotina lhe cai bem. Você se sente parte daquele espaço. Quero salientar que falo de lugar e não de pessoas ou grupos (como família).
Eu sempre amei o Brasil. Sou daquelas que chora em Copa do Mundo e Olimpíadas. Me considero patriota (pelo menos mais do que a maioria das pessoas que conheço). Recentemente na abertura das Olimpíadas eu me emocionei demais com as músicas, os lugares, a história. Nossa cultura está tão dentro de mim.Tenho muito orgulho de dizer que sou brasileira, tenho orgulho da minha cultura e história. Mas há algo diferente sobre pertencer.
Estive no Brasil no mês passado, por diversos motivos precisei fazer uma viagem de 15 dias de volta à minha terra. Minha família foi ao aeroporto me buscar e foi um momento de muita emoção. Falarei sobre isso em outra ocasião. Entrei no carro com meus pais e saímos de Guarulhos em direção à Osasco. Me lembro de estar no carro na entrada da Rodovia Castello Branco pra minha cidade(um caminho muito comum pra mim) e de dizer para meus pais: “a sensação que tenho é de que eu estava sonhando e acordei”.
Simplesmente, naquele momento, a realidade escancarou a porta e me mostrou aquele mundo onde eu cresci, os lugares onde estive minha vida inteira. Lugares onde todas as minhas memórias, onde minha história pertencia. Mas eu não pertencia mais àquele lugar.
Chegando em casa sentei na minha cama (aquela que eu amava). Olhei para minhas estantes, meus livros, minhas coisas. Eu não me sentia parte daquele lugar. O que antes eu chamava de casa, agora era a casa dos meus pais. Uma coisa que é interessante, pois eu não tenho uma casa de verdade aqui. Alugo um quarto e moro com estudantes. Mas eu senti , naquele momento, que aquele não era mais meu lugar no mundo.
Eu não sei qual será o próximo passo, onde estarei ou o que farei. Talvez eu volte à morar no Brasil um dia, talvez eu vá pra Itália, Índia. Só Deus sabe. Mas nesse momento, Dublin se tornou minha casa. Me sinto bem aqui. É onde perteço hoje.
pois eh… nem mesmo a gente planejando acontece. Muitas vezes sonhamos uma vida inteira em sair do ninho, quando saímos a sensação eh de querer voltar, e assim que termina o quer fomos fazer voltamos e damos continuidade ao andamento.
mas voce nao sonhou com isso, a vida lhe proporcionou, aqui ou em qualquer outro lugar vc teria que viver sua fora do ninho.
Mas saiba aqui sera sempre seu, suas coisas estarão aqui .
Você sabe que saí de casa muito cedo…morei em alguns lugares…e sempre lidei bem com isso…Porém chegou em algum momento que eu tive a sensação que eu não tinha um “lar”…esse pertencimento a algum lugar…..No começo isso me assustou muito…..mas depois eu entendi que me tornei uma pessoa que pertenço a todos os lugares que eu estou….Os lugares estão em mim….as pessoas estão em mim….as imagens estão em mim….e não importa onde eu esteja fisicamente, o meu lar sou eu mesma!
Grazi, desde o dia em que você nasceu sempre pensei que você pertencia aos seus pais, a nossa família e a nossa vida. De repente como num piscar de olhos, tudo mudou. Confesso que no primeiro momento fiquei muito assustada, mas depois entendi que você tinha que viver a sua história, realizar seus sonhos e encontrar um grande amor. Não é fácil saber que você não nos pertence mais, é uma mistura de sentimentos o da perda e o de felicidade quando te vejo super bem, feliz, madura e apaixonada. Te amo.